domingo, 21 de setembro de 2008

“Nunca senti o SCL Marrazes tão forte como agora”

ENTREVISTA A GONÇALO SECO, TREINADOR DO ESCALÃO DE ESCOLINHAS DO SCL MARRAZES

Gonçalo Seco, 25 anos, natural dos Marrazes, foi jogador das camadas jovens do nosso clube. Como curiosidade, foi árbitro dos quadros da AF Leiria. Iniciou funções de treinador no SCL Marrazes na época transacta e actualmente é o responsável pela equipa de Escolinhas de 2001. Gonçalo acedeu ao convite para uma entrevista ao nosso blogue.

SCLMarrazesJovem Gonçalo, revela-nos o teu percurso enquanto jogador de futebol.
Gonçalo Seco
Comecei a jogar com nove anos nos infantis. O meu primeiro treinador foi o Sr. Rui Rocha que me ensinou a dar os primeiros toques na bola. Depois, nos iniciados de primeiro ano, tive como treinador o Sr. Moleirinho. Foi um ano muito mau para mim pois nunca joguei. No segundo ano tudo mudou. Fui titular muitas vezes e no colectivo podíamos ter sido campeões distritais com o Sr. Jorge Silva onde fizemos uma volta só com vitórias, no entanto, na segunda volta, surgiram alguns problemas essencialmente a nível directivo, e a equipa desceu para o terceiro lugar. No ano seguinte também foi uma boa época na qual fui capitão e joguei todos os minutos com o Sr. Fernando Neto que nos ajudou muito a crescer como Homens e jogadores. Enquanto juvenil, foram os meus piores anos, nos quais a equipa desceu no segundo ano e no primeiro não desceu porque houve uma desistência. Nos juniores tivemos dois anos razoáveis a nível de classificação com dois treinadores, o Sr. Filipe Grilo e o Sr. Cláudio Serrano, dos quais gosto muito. Mas sem dúvida alguma, o treinador que mais me marcou foi o Sr. Jorge Silva. Chegado a sénior não fui convidado a ficar e deixei de jogar futebol.

SCLMarrazesJovem Muitos chamaram-te louco, mas na realidade foste árbitro de futebol. Explica-nos como surgiu o “bichinho” pela arbitragem.
GS
Começou quando, “meio na brincadeira”, fazia de Árbitro Assistente nos jogos das velhas guardas. Depois, o director Sr. Joaquim Silva convidou-me para arbitrar os jogos dos Infantis onde o gosto cresceu ainda mais. Fiz inclusive jogos oficiais do S.C.L. Marrazes quando os respectivos árbitros faltavam, até que decidi tirar o curso.

SCLMarrazesJovem É raro ouvirem-se comentários de árbitros sobre as suas experiências. Conta-nos um pouco da tua. Qual a remuneração de um árbitro da AF Leiria? Que conselhos darias a um jovem que pretendesse iniciar a sua actividade como árbitro?
GS
É um pouco difícil de explicar, se por um lado continua a ser um gosto, por outro é extremamente complicado arbitrar a nível distrital. O principal problema é que 90% dos jogadores, treinadores e público não sabem correctamente as regras de futebol e aqui começa logo um problema que se arrasta para dentro do campo. Na minha opinião, as associações deviam promover eventos onde se instruíssem os intervenientes no futebol para que estes entendam melhor as regras e consequentemente compreendam as decisões dos árbitros. Em Portugal, os árbitros são de qualidade porém, existem muitos factores externos que os condicionam. Em relação à renumeração, é baixa. Eu, que era Árbitro Assistente, no máximo, cheguei a fazer meses em que fazia 100€ com deslocações incluídas. Para isto tinha que fazer três jogos por fim de semana o que era muito desgastante. O melhor conselho que se pode dar a um jovem que queira ser Árbitro é que trabalhe muito porque, como já disse, são muitos jogos. Depois, há que se manter muito actualizado com as leis de jogo que são muito minuciosas e que de ano para ano são alteradas. Para além disto, há também a componente física que é extremamente importante, da qual fazem parte dois treinos por semana.

SCLMJ: Apesar de ainda não teres o primeiro Nível do Curso de Treinadores de Futebol, tens revelado qualidades na orientação dos atletas mais jovens do clube. Explica-nos como começou esta tua nova etapa no futebol e como tem sido a tua experiência.
GS
Tudo começou com um convite no ano passado pelo André Braz para liderar uma equipa. Aceitei por já ter em mente um dia vir a ser treinador e claro, a maior das razões, poder servir novamente o SCL Marrazes. Convidei o Nuno Pascoal para me ajudar, uma pessoa chegada e de confiança. A experiência tem sido fantástica, poder retribuir aquilo que me ensinaram ao longo da minha passagem como jogador e ajudar e acompanhar a evolução das crianças em todas as vertentes é uma excelente sensação e muito gratificante.

SCLMJ Descreve-nos como é treinar jovens de sete e oito anos. Que capacidades são necessárias a um treinador para trabalhar nestas faixas etárias?
GS
Não é fácil, como em todos os escalões, pois existem problemas inerentes à especificidade de cada idade. Neste caso concreto, são miúdos que se desconcentram muito facilmente o que dificulta a fluência natural de um treino. Tem que se ter um certo autoritarismo mas ao mesmo tempo deixar as crianças à vontade de forma a que estas tenham confiança no seu treinador. É necessário então ter o discernimento de exigir destas crianças o que elas podem e conseguem fazer. E a partir do momento que se gosta de futebol, de ensinar e de lidar com estas idades as capacidades vão surgindo naturalmente.

SCLMJ As pessoas, de um modo geral, têm tendência a desvalorizar e até ignorar o trabalho realizado nestas faixas etárias. Que análise fazes desta afirmação?
GS
Não concordo, por duas razões: a primeira porque segundo aquilo que me apercebo de conversas com pessoas de várias faixas etárias, estas contrariam essa afirmação; em segundo lugar, se cada vez mais a nível nacional se efectuam transferências de crianças destas idades deve-se ao facto de elas terem uma evolução mais rápida, que é sinónimo de um excelente trabalho por parte dos clubes.

SCLMJ Actualmente, o SCL Marrazes reúne um leque de treinadores de qualidade, com a curiosidade da maioria ter sido formada como homens e jogadores no clube. Consideras que a nossa escola de talentosos jogadores se está também a expandir como escola de bons treinadores? Como explicas esta realidade?
GS
Sim, considero. O clube deve aproveitar todas as pessoas que tenham gosto e interesse em ajudar o clube. Se essas pessoas já tiverem experiência no clube é sem dúvida uma vantagem. Explica-se primeiramente com a qualidade destes e, para além disso, com o empenho, dedicação e busca da evolução de dia para dia.

SCLMJ O SCL Marrazes, como clube de referência no nosso distrito na formação de jovens jogadores, tarda em explodir definitivamente no panorama distrital e colocar equipas nos campeonatos nacionais. O que falta para tal acontecer?
GS
Sinceramente acho que é uma questão de tempo para que o excelente trabalho que tem vindo a ser feito dê frutos. Esta direcção tem feito um admirável trabalho no sentido de criar condições de trabalho e não só. Temos a pessoa ideal a coordenar o futebol juvenil e excelentes treinadores. Possuímos a base para que bons resultados apareçam no futuro. Nunca senti o SCL Marrazes com tanta força e com tanta quantidade e qualidade de ideias e formas de trabalhar como actualmente.

SCLMJ Na próxima época orientarás a equipa de Escolinhas “A” que, por sua vez, será constituída por atletas que iniciarão a componente competitiva do Futebol. Quais as tuas expectativas para este novo desafio?
GS
As expectativas são as melhores: fazer um bom trabalho juntamente com o Nuno, conseguir transmitir da melhor maneira os princípios de jogo e contribuir para o crescimento dos jogadores a todos os níveis. Penso que este ano será um pouco mais fácil para mim visto que já tenho um ano de experiência, o qual foi muito importante. No entanto vou ter sempre em mente de a cada dia melhorar mais, aprendendo mais para ensinar ainda melhor.

SCLMJ Se fosses director do SCL Marrazes, que atitude tomarias em relação a atletas do clube que são assediados e pretendem representar outros clubes que, por exemplo, irão disputar campeonatos nacionais?
GS
Penso que a única coisa a fazer, e que já é bastante difícil, é criar todas as condições para os jogadores se manterem interessados e motivados em ficar. A lei de transferências é que está mal, a qual permite que um clube pode formar um jogador durante quase uma década e este depois possa sair sem nenhuma compensação para o clube. Para um país que quer ser formador esta não pode ser a política. Este é, sem dúvida, o “tendão de Aquiles” da Federação. Temos que trabalhar e pensar como clube grande que somos, e esperar que pouco a pouco os jogadores, e principalmente os pais, vejam que já estão num grande não sendo necessário sair.

SCLMJ Para finalizar, que importância tem o SCL Marrazes na tua vida?
GS
O SCL Marrazes para mim é como uma segunda casa. É mais que apenas um clube da terra, é uma paixão. Desde pequeno que me ensinaram a gostar do SCL Marrazes e é com o maior prazer que sirvo o clube, ao qual para sempre estarei grato por me ajudar a tornar na pessoa que sou hoje.

10 comentários:

Rodrigo disse...

Sempre achei que o Gonçalo seria um excelente treinador de crianças (para começar). Daí ser-me deveras apraz vê-lo a liderar uma equipa. Acredito neste rapaz!

Anónimo disse...

Ilude-te meu caro que logo vais bater com a cabeça,às maos dos ditadores que apoias...

Anónimo disse...

Que ditadores são esses caro rabbit?

Rodrigo disse...

Sao o exagero de sabor... toda a gente sabe quem são, só não sabem quando!

Nuno_Pascoal disse...

Parabéns pela bela entrevista. Gostei do que li.

Como o Doc já comentou há de facto frases que envergonhariam os Joaquins Ritas e os Luises Freitas Lobos que por aí andam... Eh eh eh

Anónimo disse...

caro anonimo das 2:54

Toda a gente sabe quem sao os ditadores marrazensses...

Eu explico melhor:
sao aqueles senhores que ficam muito ofendidos de uma ou outra equipa ir aí buscar um ou outro jogador. Mas quando surripiam jogadores aos clubes mais modestos porque se acham grandes ja é normal porque marrazes é um clube em desenvolvimento a pala do trabalho dos outros.

Bem hajam marrazensses
que nao lhes auguro grande futuro como a curva de nivel dos ultimos 70 anos o demonstra ...sempre a descer.

Anónimo disse...

Caro Coelho, O Marrazes é um clube em desenvolvimento à pala do trabalho dos outros? Essa é boa...Deve se ter enganado no blog do clube que queria atacar.
Em relação à curva de nível, diria que provavelmente nascem ontem e não conhece rigorosamente nada do Marrazes.
Em suma, você não tem argumentos.

Anónimo disse...

Parabéns Gonçalo!Orgulho-me do facto de um filho meu ter sido um atleta treinado por uma rapaz tão equilibrado, quanto competente. Parabéns, igualmente ao Nuno. Foram um exemplo no que se refere à isenção em relação aos ditos "bons" e aos "menos bons". O meu filho ganhou um bom treinador e nós pais ganhámos um Amigo. Terás, certamente, um futuro risonho se continuares assim "de bem com a vida!". Muito Obrigada.
Uma mãe sempre alerta!

Nuno_Pascoal disse...

Em meu nome e do Gonçalo agradeço os elogios por parte desta mãe de um dos nossos jogadores do ano passado. Tentámos e tentaremos fazer sempre o melhor que podemos e sabemos, que é o mínimo que tanto o clube como os jogadores que orientamos merecem.

Anónimo disse...

Para comentario deixo somente isto: a dupla de TREINADORES Gonçalo e Nuno estavam a formar não só jogadores, como jovens com caracter (os vulgarmente denominados Homens) mas inexplicavelmente foram interrompidos nessa tarefa. Porque mão de obra sempre houve mas poucos são aqueles que na altura certa se provam a altura das adversidades resultantes no mundo do desporto notando a falta de estrutura humilde e disciplinadora de que são feitos os grandes atletas e as grandes instituições.