
Alberto Freitas, tem 28 anos e foi mais um dos vários jogadores da equipa de seniores do SCL Marrazes que, ao longo destes anos reflectiu o aproveitamento resultante do trabalho desenvolvido nos nossos escalões de formação para a equipa sénior. Joga como extremo em ambas as alas, veloz, tecnicamente dotado, foi nas últimas épocas um dos indiscutíveis da equipa sénior do SCL Marrazes. Alberto, que se encontra de saída do nosso clube, faz-nos um balanço do seu percurso no clube, entre outros assuntos, com realce para os motivos que o fizeram abandonar o nosso clube.
SCLMarrazesJovem: Alberto, conta-nos o teu percurso enquanto jogador do SCL Marrazes.
Alberto: Comecei a jogar futebol nos Marrazes no escalão infantil de 2º ano, seguindo todos os outros escalões de formação. Fiz uma época pelos seniores e depois fui para a Caranguejeira. No ano seguinte voltei para os Marrazes e permaneci até hoje. Durante o meu percurso nos Marrazes fui testado em várias posições, defesa central (durou duas semanas), médio centro, avançado e acabei por ficar a extremo.
SCLMJ: Tiveste vários treinadores ao longo do teu trajecto no nosso clube. Revela-nos quais é que mais te marcaram.
A: De uma maneira ou de outra todos os treinadores me marcaram. Facilmente consigo revelar alguns deles. Começando por ordem cronológica, o "Nini" que teve um trabalho muito importante, eu era então um zero á esquerda quando comecei a jogar. Ele teve o trabalho de me ensinar a dar pontapés na bola e até correr. Depois tive outro Senhor de nome Jorge Silva na época de iniciados de 2º ano, onde fizemos uma primeira volta só de vitórias. Carlos Cardador e Filipe Grilo foram outros treinadores pelo qual gostei de ser treinado. Depois quando cheguei aos juniores tive treinadores que eram da equipa sénior e me convocavam, sendo eles Cláudio Serrano, Barros e Armando Santiago. Tendo pena de não ter sido treinado por estes mais tempo. Passando algumas épocas de seniores, tive então uma excelente época com o treinador Gonçalo Moleirinho e grande adjunto, Bruno "Veloso". Época em que lutámos pela subida até às últimas jornadas, mas acabamos por ficar na 3ª e honrosa posição da tabela, algo que não acontecia há uns bons anos. Tinha então 25 anos, este treinador deu-me um reforço psicológico enorme, tendo feito para mim a minha melhor época de sénior ate hoje. Seguiu-se então outro grande Senhor que admiro, António Paiva. Excelente pessoa com quem podemos sempre contar, além de grande treinador é um grande homem. Queria também agradecer toda a sua dedicação ao clube de duas pessoas que foram importantes para mim, são eles "Quim Zé" e "Carlitos". Dois directores que nos acompanharam de maneira incansável. Não quero no entanto deixar de agradecer a todos os outros treinadores e adjuntos que me acompanharam e marcaram ao logo de todos os anos. Deixo então alguns dos nomes, José Moleirinho, José Cova, Paulo Clemente, Edgar Pereira e Bruno Clemente “Zenga” e Paulo Freitas.
SCLMJ: Olhando para o teu passado, para as tuas experiências enquanto jogador, inclusivamente representaste por uma época a Caranguejeira na 3 ª Divisão Nacional, consideras que actualmente poderias-te encontrar a jogar noutro patamar competitivo?
A: Pelo amor que sempre dediquei aos Marrazes neguei sempre muitas propostas que tive, hoje fisicamente sinto que ainda poderia estar noutro patamar, embora psicologicamente devido a alguns problemas familiares os quais não quero revelar, não tenho condições para ter grandes ambições. No entanto, queria realçar na época que tive na Caranguejeira, onde encontrei grandes jogadores como o Gervino, Edgar que foram jogadores de primeira divisão, tive também a felicidade de poder ter jogado com o meu único irmão Paulo Freitas. Fui titular alguns jogos da primeira volta fazendo 2 golos, tendo então o azar de me lesionar gravemente no pé e ter ficado afastado de toda a segunda volta do campeonato.
SCLMJ: Que análise fazes da época passada? Achas que havia condições para obter uma melhor classificação?A: Uma época cheia de altos e baixos. Penso que poderíamos ter feito melhor pelo plantel que tivemos.
SCLMJ: Ao fim de tantos anos decidiste sair do SCL Marrazes. O que te levou a tomar esta decisão?
A: Acima de tudo foram as mentiras que me consumiram. Senti-me então enganado pelas pessoas que dirigiam o clube. Em relação a este ano foi a indiferença com que as pessoas me trataram. Esta decisão esta a ser das mais difíceis da minha vida, porque como é óbvio o Marrazes não é só um clube para mim. Foi a minha segunda casa durante estes anos todos, onde fiz muitos amigos e tive muitas alegrias. Só quem sente o clube sabe pelo que estou a passar. Agradeço então às pessoas com quem tenho tido alguns desabafos, nomeadamente o Paulo Freitas (meu irmão), Sandro e o Gonçalo Moleirinho.
SCLMJ: Muito se fala nas questões financeiras associadas aos planteis seniores do nosso clube nas últimas épocas, num contexto de grandes dificuldades financeiras. Tu jogaste de borla e a receber no SCL Marrazes. Fala-nos sobre este tema e sobre os problemas que levanta.
A: Muito resumidamente, quando todos jogávamos de borla não tivemos problemas porque também era tudo jogadores da casa. Em relação ao jogar a receber, sempre fui um dos que tive menos ajuda monetária por ser da casa, o que compreendo e achei justo. O problema foi quando começaram as mentiras, preferia que as pessoas me dissessem que iam pagar a alguns jogadores, do que me terem dito que ninguém ia receber e depois à frente dos jogadores recebiam cheques. Penso que os jogadores da casa deviam de ser mais respeitados. Quero dizer também que das épocas em que supostamente recebi, fiquei sempre com as contas por validar e nunca fui atrás de ninguém pedir esse dinheiro em dívida.
SCLMJ: Já decidiste onde vais jogar na próxima época?
A: De momento ainda não sei se vou continuar a jogar e se continuar onde. Já falaram comigo algumas pessoas, mas como referi anteriormente a minha vida não é tão simples quanto parece. Nunca então pensei que com esta idade fosse sair do clube do coração.
SCLMJ: O SCL Marrazes sempre fez parte da tua vida. O que representa para ti o nosso clube?
A: O Marrazes faz e sempre fará parte da minha vida. Acima de tudo cresci com o clube, aprendi a ser alguém e a ter princípios. Saio muito triste por não ter tido uma despedida diferente. Mas contudo, tenho a certeza de que tudo dei pelo Marrazes, por isso saio de cabeça erguida. Obrigado Marrazes.