domingo, 12 de julho de 2009

"Treinar jovens com estas idades é, sobretudo, uma grande alegria"


ENTREVISTA A RICARDO FONSECA, TREINADOR DA EQUIPA DE BAMBIS, ÉPOCA 2008-2009 DO SCL MARRAZES

Idade: 31 anos

SCLMarrazesJovem Ricardo, revela-nos como surgiu o teu interesse pelo futebol. Chegaste a ser jogador federado na tua infância?
Ricardo Fonseca
O meu interesse pelo futebol nasce da presença forte que ele tem na sociedade e, sobretudo, na infância de qualquer miúdo. Jogava muito, por brincadeira, na escola e perto de casa. Quando tinha cerca de 6 anos estive alguns meses a treinar no SCL Marrazes, no entanto, acabei por desistir. Mais tarde, quando estudava no 7.º ano, era da turma do Cláudio, treinador-adjunto dos Escolas “AB”, e foi ele que, como atleta do clube, me incentivou a ir treinar. Fui, o treinador era o Jorge Silva e com ele fiquei 4 épocas, dos iniciados aos juvenis. Nos juniores, joguei duas épocas no GRAP/Pousos, tendo como colega de equipa o David Pereira, treinador dos Escolinhas "A".


SCLMJ Como é que surgiu a oportunidade de ingressares no SCL Marrazes? Alguma vez tinhas pensado em ser treinador de futebol?
RF
A oportunidade surgiu do convite feito, no Verão de 2008, pelo Gonçalo Moleirinho no sentido de colaborar no treino das equipas mais jovens, não tendo ficado definido qual o escalão. Uma vez que seria a minha estreia neste campo, achei que faria todo o sentido começar pela base, daí ter optado por trabalhar com o escalão de Bambis. Até à data nunca tinha pensado em ser treinador de futebol e esta experiência motivou-me de tal forma que, já no ano de 2009, acabei por tirar o Curso de Treinador de Futebol.


SCLMJ Como analisas esta primeira época?
RF
Esta primeira época foi, sem dúvida, fantástica. Penso que conseguimos atingir os objectivos propostos e, talvez, ir um bocado mais além. Para isso muito contribuiu a adaptação, em situação de treino e de jogo, dos objectivos e níveis de dificuldade, às qualidades que iam sendo evidenciadas e progressos obtidos, assim como a grande quantidade de jogos realizados. Por exemplo, no caso da equipa de 2002, tivemos um grupo muito forte que a determinada altura atingiu um nível de tal ordem que nos vimos obrigados a treiná-la com mais exigência e a pô-la a competir com equipas de escolinhas, através da marcação de jogos e integrando-a no Torneio de Escolinhas da A.F. Leiria. O resultado foi fantástico porque, após alguma estagnação que se começava a revelar, começámos a rever o filme da evolução que já tínhamos assistido no início da época. Com a equipa de 2003 passou-se algo de semelhante. Começamos a integrar alguns atletas na equipa de 2002 e a marcar jogos com equipas de 2002. Fomos sempre tentando dar resposta às motivações dos atletas e julgo que terá sido uma das chaves para a manutenção de quase todos os jogadores ao longo da época. É importante não esquecer que estes miúdos querem muito jogar à bola e os jogos são momentos óptimos de treino para potenciar as suas motivações. Em termos pessoais foi muito gratificante trabalhar com os cerca de 40 a 50 atletas que passaram pelo escalão, resultando numa aprendizagem muito marcante e intensa. Foi uma opção certeira e feliz e agradeço ao Gonçalo Moleirinho a oportunidade que meu deu.


SCLMJ Descreve-nos como é treinar estes jovens, ainda tão novos, a maioria deles sendo o primeiro ano a aprender os primeiros passos no futebol. Que capacidades são necessárias a um treinador para trabalhar nestas faixas etárias?
RF
Treinar jovens com estas idades é, sobretudo, uma grande alegria. É impensável um miúdo desta idade não vir para o treino alegre, motivado e com uma grande vontade de jogar futebol. Ou seja, temos tudo a nosso favor. Não creio que um miúdo que vá para o treino desmotivado, evolua. Eles estão numa idade óptima de aprendizagem, e só precisamos de criar condições para que as suas capacidades se desenvolvam. Obviamente que temos de saber conjugar e equilibrar todos esses factores positivos com o que realmente queremos desenvolver, com a disciplina, com o bom funcionamento do grupo e com actividades que visem o objectivo do treino. Tudo isto aliado a uma capacidade de compreender os atletas e respectivas motivações individuais, são factores importantes para o perfil de quem trabalha com estas idades.

SCLMJ Apesar de muito novos, existem sempre jovens que mostram desde cedo aptidões e talento para o futebol. Sendo tu um dos responsáveis pelo treino dos mesmos, consideras este aspecto um factor motivante para o teu trabalho ou existe algum tipo de pressão externa para fazer destes jovens mais precoces cada vez melhores?
RF
Um dos objectivos do treino é o desenvolvimento da capacidade futebolística dos atletas, independentemente do nível que apresentam quando, pela primeira vez, aparecem no clube. O nível de motivação não difere de acordo com a qualidade dos jogadores, sendo com muita satisfação que vemos a evolução de todos eles. Nas últimas semanas da época analisámos a evolução colectiva e individual do grupo e temos casos brutais. Mas, com ou sem evolução, só o simples facto de o miúdo andar ali a jogar porque isso o faz feliz, já é suficiente. Em relação a pressões externas, nunca as senti. Tínhamos, no grupo, alguns jogadores de elevada qualidade, alguns desde o início e outros que de um momento para o outro se revelaram. Alguns deles foram mesmo convocados para treinar no Benfica e no Sporting, mas acho que tudo isso não passa de uma experiência que lhes surge e que, com 6 anos, não pode ser vista de outra forma. Os pais levam-nos, passam um dia diferente e nada mais que isso. Depois segue-se em frente com o trabalho que deve sempre objectivar a evolução destes e de todos os outros atletas, até porque isso também os motiva.


SCLMJ O papel dos pais nestas idades é fulcral para o desenvolvimento de um bom trabalho nestas idades. Qual é a tua visão em relação à importância dos mesmos no contexto de trabalho/treino com os seus filhos? Na tua opinião, quais as características de uma relação ideal entre treinador e pais?
RF
Quando se trata de crianças com 5, 6 e 7 anos a presença e acompanhamento dos pais é fundamental. No entanto, os pais devem perceber que os filhos estão dentro de um grupo pautado por regras, devendo também, por uma questão de desenvolvimento social da criança, incentivá-los e seguir as normas, não devendo tentar substituir o treinador no seu papel. Uma boa relação entre pais e treinadores é fundamental, devendo haver comunicação em ambos os sentidos, sendo que qualquer dúvida deve ser esclarecida com o treinador.


SCLMJ Esta foi a época no SCL Marrazes em que tivemos mais atletas no escalão de Bambis. Do ponto de vista organizacional, o teu trabalho e dos restantes elementos da equipa técnica foi bastante elogiado. Como encaras o teu futuro no clube após esta experiência?
RF
Julgo que o trabalho foi positivo. No entanto, faltou mais um ou dois elementos à equipa técnica para fazer face ao elevado número de atletas que tivemos ao longo de toda a época, sobretudo porque, a determinada altura, deixámos de poder contar com o Luís Gomes ("Bocas"). Quanto ao futuro, até porque o clube está a evoluir na sua organização, estamos a ver o que se pretende para a próxima época. Havendo interesse de ambas as partes e desde que eu me encaixe na estrutura e forma de trabalho, haverá sempre a possibilidade de continuar a trabalhar no clube.

SCLMJ Que futuro perspectivas para o nosso clube ao nível do futebol de formação?
RF
Da forma como vejo a formação a evoluir e a crescer, perspectivo um futuro muito risonho. É com grande satisfação que vejo os campos com dezenas de atletas em todos os dias de treino e se percebe que há um bom trabalho a ser realizado. É com orgulho que vejo uma equipa nossa a subir aos nacionais, situação que espero ver repetida noutros escalões nas próximas épocas. Penso que essa situação traria mais atletas ao clube e uma dimensão interessante que alastraria geograficamente. Não sei se, por vezes, as pessoas têm a noção do prestígio do clube na nossa região. Recentemente, quando estava a tirar o curso, ouvi comentários de colegas de outros clubes muito positivos e que realçavam bem o peso do SCL Marrazes. Obviamente, há que melhorar as condições para responder a tudo isso. Aqui penso que a criação de mais dois relvados sintéticos seria um grande passo para a formação do Sport Clube Leiria e Marrazes.
Para terminar queria agradecer o convite que me fizeram para esta entrevista e dar os parabéns ao blogue pela importância que tem vindo a ganhar junto de todos os que vivem e acompanham o SCL Marrazes.

6 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado Ricardo pela forma como trataste e ensinaste os nossos Bambis na última época. Espero que possas continuar mais uma época com eles.

HELDER disse...

Grande Ricardo
espero poder-te ver durante muito tempo com os nossos Bambis/escolinhas, fizeste um trabalho incrivel com eles.
Desejo-te as maiores felicidades tanto na tua vida particular como na desportiva.
Agradeço-te tudo o que fizeste pelo meu filho, mais uma vez
OBRIGADO

frank disse...

é isso puto, tás um mister á maneira. Boa sorte para o futuro.
Abraço. Frank

Anónimo disse...

ja tu...???????????????????????????????????

Anónimo disse...

Boa ricardo força para a proxima epoca este clube é grande por ter muita gente assim felismente.Quanto a estas entrevista são optimas para os adeptos irem conhecendo esta dedicações mas tambem era importante saber-mos como é campos poxima época(entrevista ao presidente) como é treinadores para o ano(entrevista cordenador)FORÇA MARRAZES

Corvo no Alto da Montanha disse...

Excelente entrevista em que às diversas questões colocadas as respostas foram cuidadosa e objectivamente dadas. Não há dúvida que estamos perante um "gentelman". É destas pessoas que o grande SCLM necessita. Para bem de todos. Apesar de não conhecer pessoalmente este jovem, apesar de também não saber se irá ou não prosseguir a sua carreira como Treinador do Clube (para isso estão lá os entendidos, e ao que tenho ouvido, de grande qualidade), faço votos para que os responsáveis do Clube saibam que o futuro passa pela competência, pela dedicação e pela educação. Julgo que o Ricardo reúne estes predicados. Força SCL MARRAZES.

Corvo no Alto da Montanha sempre atento aos aos feitos gloriosos deste Clube.