quarta-feira, 6 de agosto de 2008

"Do lado direito do rio é Marrazes, do lado esquerdo Leiria"

Um excelente artigo do jornalista Jorge Pessoa e Silva foi publicado na edição de ontem, dia 5 de Agosto de 2008, do jornal A Bola. Como marrazense de alma e coração que sou – e como também não tive acesso ao artigo via web – decidi dedicar 47 minutos da minha vida à transcrição do texto que vem no jornal.

De realçar que o nosso clube ocupa a página 30, mesmo ao lado da 31 (como é lógico). A situação é a seguinte. A página ímpar tem como títulos “Mourinho arrasa Ranieri”, “Quero ajudar Ibrahimovic” e “Beckenbauer dava-me jeito”. Das duas uma: ou o senhor Vítor Serpa (editor d’ A Bola) quis colocar os artigos sobre Mourinho, Ibrahimovic e Beckenbauer na página seguinte à que fala sobre o SCLM para chamar a atenção para este último ou então, e é o que me parece mais evidente, o artigo sobre o nosso clube foi colocado estrategicamente nesta página para que as pessoas também pudessem ler um bocadinho sobre pessoas tão desconhecidas como Mourinho, Ibrahimovic e Beckenbauer.

Deixemo-nos de floreados e vamos ao que realmente interessa, o artigo sobre o grande Sport Clube Leiria e Marrazes.


Na aldeia do Astérix
A história perde-se no tempo e refere-se a um jogo em que o Marrazes estava a perder por muitos a poucos minutos do fim. Uma mulher levantou-se e gritou: «Força Marrazes que ainda há esperança!» A frase ainda hoje é entoada como se fosse o lema de um clube de resistentes.

«Bem-vindo à aldeia do Astérix», comenta Carlos Valente, presidente do histórico emblema. A resistência começa na década de 60, quando a autarquia de Leiria decidiu fundir os clubes da cidade num só. O Marrazes, o maior e mais popular, só aceitaria se o novo clube adoptasse o seu nome. Que não, teria de ser União de Leiria. E o Marrazes ficou, orgulhosamente, de fora.

«Do lado direito do rio é Marrazes, do lado esquerdo Leiria», comenta-se com bairrismo. Até porque foi no Campo da Mata que se começou a jogar futebol em Leiria. E foram os quartafeiristas - trabalhadores das diversas corporações que folgavam à quarta, já que domingo era dia de feira - a estar na génese do Marrazes Sport Clube, fundado em 1936. Em 1952 mudou para Futebol Clube Marrazes (filial do FC Porto durante 12 anos) e em 1964 foi rebaptizado como Sport Clube Leiria e Marrazes.

Queixas de discriminação

Apesar do Marrazes estar na I divisão distrital, a rivalidade com o U. Leiria é grande. «Se jogássemos no Municipal, gostava de mostrar que levávamos mais gente ao estádio», comenta, orgulhoso, Carlos Valente. Eleito em 2007 e com vontade de dinamizar o clube, desportiva e socialmente. «Irrita-me que uma cidade do Euro '04 não dê a devida importância ao apoio às infra-estruturas do Marrazes», desabafa, aludindo depois aos subsídios para a formação: «Nós formamos jovens de Marrazes. A equipa de juniores do U. Leiria tem seis brasileiros e muitos jovens de outras cidades. Quem faz mais pela juventude de Leiria?»

Trabalho social

Carlos Valente é claro. «Os clubes, hoje, têm de ser prestadores de serviços para sobreviverem.» Por isso, aproveitou a ampla sede e fez uma parceria com a divisão de educação da Câmara. «Essa sim, acredita no Marrazes.» E o clube promove um ATL e campos de férias. Internamente, criou um fundo para pagar material escolar para os seus jogadores, criou actividades extracurriculares e de apoio ao estudo, controlando as notas. «Eu próprio cresci e joguei no Marrazes. Que me apoiou e ajudou a pagar os estudos. Temos muito orgulho neste trabalho social», comenta o dirigente.

Carlos Valente olha para o problemático Bairro Sá Carneiro e quer que o clube seja pólo de integração. «Antes vandalizavam a sede, roubavam as redes das balizas. Fomos ter com os miúdos, falámos com eles, ouvimo-los, damos o apoio e tudo mudou. Bastou abrir pontes», comenta orgulhoso.

Aldeia do desporto

O Campo da Mata, onde trabalha toda a formação, é pelado. E tem de dar para as 18 equipas, entre as 18 e 22 horas. Já deu entrada na Câmara um projecto para se colocar um relvado. Mas o processo arrasta-se. Também o piso do Pavilhão está em mau estado e já aconteceram acidentes na patinagem. Se a autarquia não ajudar, a solução passará por um pavilhão na Marinha Grande.

O Marrazes vai abandonar o seu velhinho parque de jogos, pelado, em nome do desenvolvimento urbano de Marrazes. Para compensar, a Junta de Freguesia avançou com a construção da Aldeia do Desporto. As obras estão em curso e contemplam um campo com relvado sintético e bancadas para duas mil pessoas. E um campo secundário de futebol de 7. Até ao momento a autarquia ainda não contribuiu. Marrazes, repete-se, é a «aldeia do Astérix».

Diferendo com o Sporting

Na localidade conta-se também a história de Rui Patrício. Que começou a jogar no Marrazes, aos seis anos, como... médio. Aos nove, teve de fazer um jogo na baliza. Gostou tanto e deu-se tão bem que não mais a largou. Aos 12 foi para o Sporting, hoje é titular na equipa leonina. O Marrazes reclamou a compensação pela formação mas como o Sporting se recusa a pagar a Federação vai decidir. Em Marrazes lamenta-se que os grandes clubes estejam sempre a levar jovens jogadores. São 360 os que, diariamente, ali se formam.

Curiosidades

ULISSES. O treinador da Naval, Ulisses Morais, terminou a carreira de jogador e iniciou a de treinador no Marrazes.

PATROCÍNIO. As camisolas serão sponsorizadas pelo promissor grupo musical All Star Project, de Marrazes, já lançado pela Antena 3.

GASTRONOMIA. Marrazes é a Terra da Gastronomia. A cada Outubro, o clube organiza o Festival dos Doces da Avó e do Petisco.

DANÇA. A Academia de Dança é um orgulho pela qualidade e número de espectáculos. Aeróbica é outra das actividades propostas.

DAVID FONSECA. Natural de Marrazes, o músico será convidado a participar na criação e interpretação de um hino.

SUBIDA. Oitenta por cento do plantel sénior é formado no clube. O treinador António Paiva tentará em breve a subida aos nacionais.

II DIVISÃO. A participação na II Divisão Nacional, em 1977/78 (equivalente à Liga de Honra actual) foi um momento marcante.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sobe Marrazes!

Anónimo disse...

Um dia Nada nos fará parar...até lá onde estiver um Marrazense a luta continua contra tudo e contra todos..por vezes em silêncio....pq muitas vezes o inimigo tem que ser estudado..tantos são os anticorpos contra nós ....mas sempre lutando...pq o grande Marrazes um dia vai estar onde merece...onde muitos de nós não acreditamos que vai estar...pq os grandes não morrem....Força grande

Anónimo disse...

Parabens Marrazes. Só os grandes aparecem nos grandes locais... Uma página no jornal a bola é obra!

Contra tudo e contra todos em breve lá estaremos no noso lugar

Anónimo disse...

Adorei o artigo escrito pelo jornal "A Bola".
Boa ideia André transcrevê-lo para o blogue, que devo acrescentar está muito bom...
Continuem