segunda-feira, 11 de abril de 2011

Entrevista a Paulo Santos: "Agora é altura de festejar com estes putos fantásticos, pois somos campeões"



Após a recente conquista da Divisão de Honra em Juniores, a entrevista que se impunha a Paulo Santos, ex-jogador e treinador dos Juniores do SCL Marrazes.

SCLMarrazesJovem:
Paulo, fala-nos do teu percurso enquanto jogador de futebol.
Paulo Santos:
Fiz todo o meu percurso nas camadas jovens do SCLM, ficando ainda uma época na equipa sénior, então na 3ª Divisão Nacional, depois seguiram-se Fig. dos Vinhos, 22 de Junho/Amor, Bidoeirense, Portomosense, Caranguejeira, Ouriense, regresso ao SCLM e finalmente o GRAP/Pousos onde terminei com 34 anos.


SCLMJ:
E enquanto treinador? Explica-nos como tudo começou.
P.S.:
Começou com o João Rocha a meter-me o bichinho de treinar miúdos, comecei então por ajudar nos escolas, posteriormente os Sub-12 (2002/03), os Sub-13 e Juvenis (2003/04), depois os Iniciados (que conquistaram a taça distrital 2004/05), saindo no final da época, para fazer parte dos colaboradores técnicos da AFL, com a qual continuo a colaborar, seguiu-se os escolas do GRAP/Pousos (2007/08), os seniores do ARCUDA (2008/09 e 2009/10).

SCLMJ:
Enquanto jogador do SCL Marrazes, quais foram os melhores momentos passados no nosso clube? Quais os treinadores que mais te marcaram nesse teu percurso?
P.S.:
Foram tantos que é difícil descreve-los todos. Em relação aos treinadores todos me marcaram, com todos aprendi coisas importantes, mas tenho de destacar os que enquanto miúdo, me ajudaram a crescer como jogador e como homem, o João Rocha, o Fernando Monteiro, o “Nini”, o “Rochita” e o Fernando Neto.

SCLMJ:
Como se concretizou o teu regresso ao SCL Marrazes esta época, após alguns anos de afastamento?
P.S.:
Após um convite do João Rocha que se apresentou como responsável pelo futebol Juvenil do SCLM e após muita ponderação.

SCLMJ:
Quando te foi proposto orientar a equipa de Juniores, qual foi o teu pensamento? Quais as expectativas e os objectivos propostos no início desta época?
P.S.:
Se seria exequível o projecto que me era apresentado. Os objectivos propostos passariam por manter a equipa na divisão de honra, onde se antevia um campeonato muito competitivo, e começar a formar uma equipa para atacar a subida na época seguinte, apesar de sabermos que não é fácil planear equipas para o futuro onde pontificam muitos jogadores candidatos a frequentar a universidade.

SCLMJ:
O plantel actual nada tem a ver com o inicial, sendo agora constituído por muitos jogadores com idade juvenil. Foi fácil a sua integração na equipa?

P.S.:
Foi muito fácil devido à sua qualidade e personalidade e o acolhimento por parte dos jogadores juniores foi exemplar. Iniciámos o campeonato com 18 jogadores juniores, que foi sendo reforçado semanalmente com jogadores juvenis que semanalmente não faziam parte dos planos do Veloso, posteriormente com o termines do seu campeonato a quantidade e qualidade aumentou, apesar da fadiga psicológica que apresentavam.

SCLMJ:
Estamos na recta final da época, és o obreiro de um feito histórico para o nosso clube, sendo que, curiosamente, pertencias à última equipa de Juniores do SCL Marrazes que se sagrou Campeã Distrital de Juniores na época 1985/1986. Qual é a sensação de reviver essa alegria, agora enquanto treinador?
P.S.:
Não estou de acordo com essa afirmação. Os obreiros são os jogadores, uma geração fabulosa, que tive o prazer de comandar, com o apoio extraordinário do Nuno Joaquim (Treinador-adjunto), do Beto (Treinador de Guarda-redes), do Magalhães (Director), do Daniel (Director) e do João Rocha na parte administrativa. Incutimos os princípios da amizade, humildade e disciplina e procuramos que os jogadores percebessem que cada jogo era somente uma maneira de se divertirem, e não um problema sério. É uma sensação de orgulho pelo trabalho desenvolvido, por relembrar tempos antigos e por ficar para sempre ligado à história deste clube e a estes miúdos fantásticos, não me canso de dizer isto, eles são mesmo fantásticos, como jogadores e como pessoas.

SCLMJ:
Sendo o SCL Marrazes um clube virado para a formação, com a sua equipa sénior constituída maioritariamente por jogadores da nossa formação, como encaras a chamada e a utilização regular nos últimos encontros dos seniores de jogadores ainda juniores?
P.S.:
A formação tem obrigação de formar jogadores e homens para a equipa sénior, e para isso o SCLM deve definir uma política desportiva coerente, com pessoas que privilegiem o diálogo, e eu não entro em monólogos com quer que seja, como me tentaram impor esta época. Eu sou um colaborador do clube que somente exige respeito, nada mais. Questiono só: o que seria mais importante para o clube esta época, a equipa júnior subir de divisão ou a equipa sénior subir ou descer mais um lugar na classificação? Porque inscreve o clube um elevado número de jogadores seniores e termina as épocas com tão poucos? Na minha opinião, o SCLM tem um grupo de jogadores seniores de qualidade, e já o demonstrou esta época. A parte técnica desta questão é um assunto vasto e de muita teoria.

SCLMJ:
Tens o Curso de 2º Nível de Treinadores de Futebol. Quais as tuas ambições enquanto treinador?

P.S.:
Participar em projectos ambiciosos, pois detesto perder. As minhas ambições no futebol são as de me divertir cada vez mais. E se ganhar muitas vezes o divertimento é maior. Tive o privilégio de passar por todos os escalões como treinador, e todos têm um fascínio próprio.

SCLMJ:
Vais continuar no SCL Marrazes na próxima época?
P.S.:
Agora é altura de festejar com estes putos fantásticos, pois somos campeões. Depois pensarei nisso, mas com tanto apreço e carinho demonstrado pelos mais altos responsáveis do clube, leva-me a equacionar essa possibilidade.

SCLMJ:
Para finalizar, que significado tem para ti o SCL Marrazes?
P.S.:
É o meu clube. Independentemente das pessoas; elas passam e o clube fica. Foram os seus antigos dirigentes, os seus treinadores que me “aturaram” quando era puto reguila, que me levavam a casa nos seus carros, e por isso fico para sempre com uma divida de gratidão para com essa gente e para com o clube, procuro retribuir o que fizeram por mim de forma desinteressada.